O óleo de travões é parte essencial do sistema de travagem de um automóvel. É o fluido hidráulico que garante a transmissão da força muscular exercida no pedal pelo condutor em força hidráulica no sistema de travagem.
O tipo de óleo de travões e seu estado de conservação é primordial para a segurança.
O uso de um óleo de travões desadequado pode comprometer a capacidade de resposta e eficácia do sistema de travagem repercutindo-se nas distâncias de travagem, na sensibilidade do pedal à força do condutor, e na eficácia dos sistemas de apoio à travagem e trajetória da viatura (ABS/ESP/etc…).
Tipo de óleos de travões
Existem 2 tipos de óleos de travões:
– Fluídos do tipo DOT
– Óleos hidráulicos
Ambos os tipos têm de cumprir requisitos e homologações por parte de várias entidades, sendo as mais comuns a DOT (‘Department of Transportation’) e a SAE (‘Society of Automotive Engineers’).
Fluidos do tipo DOT:
São os mais comuns dos óleos de travões usados atualmente.
São construídos por fluidos à base de Glicol (salvo o fluido DOT 5 que é à base de Silicone), bem como outros constituintes:
– Um lubrificante (Polietileno ou Polipropileno) 20 a 40%: para lubrificar as diversas peças do sistema de travagem.
– Um diluente solvente (éter de glicol) 50 a 80%: determina a temperatura de ebulição do fluido e a viscosidade.
– Aditivos: para melhorar a compatibilidade com os vedantes e tubagens, e prevenir a corrosão do sistema.
A importância da temperatura de ebulição:
Uma das características que diferencia as diferentes classes DOT é a temperatura de ebulição, ou seja a temperatura à qual o óleo começa a vaporizar dentro do sistema de travagem (por efeito do aumento da temperatura pelo aumento da pressão no circuito, e pela condutibilidade de calor das partes em fricção no sistema de travagem).
Quando começa a haver vapor dentro da tubagem do sistema de travagem, a segurança do funcionamento do sistema de travagem está em risco porque se parte do princípio que o fluido de travagem é incompressível, e havendo vapor (logo fluido compressível) a transmissão da pressão hidráulica do sistema de travagem deixa de ser efetuada num modelo linear.
É o conhecido ‘efeito esponja’ do pedal do travão: para que se denote algum poder de travagem é necessário fazer mais força (alongando o curso do pedal mais que o normal) para o carro abrandar.
Existem 2 tipos de temperatura de ebulição de um óleo de travões:
– A seco: temperatura de ebulição de um óleo de travões de uma embalagem acabada de abrir pela primeira vez;
– A húmido: temperatura de ebulição de um óleo de travões usado com uma contaminação de 3.7% (por volume) de água absorbida.
Está convencionado que o valor de contaminação de 3.7% (por volume) de água absorbida representa o valor médio obtido ao fim de 2 anos de utilização. Razão pela qual grande parte dos construtores recomenda a sua substituição a cada 2 anos.
A contaminação do fluido de travões por absorção de água, tem como efeito o abaixamento da temperatura de ebulição.
O óleo de travões é contaminado por água pois os fluidos à base de glicol tem propriedades higroscópicas (absorvem a água do vapor atmosférico). Veículos usados em ambientes mais húmidos estão sujeitos a maior contaminação.
A temperatura de ebulição de um óleo de travões é medida através de aparelho próprio.
De acordo com a sua classe DOT, há fluídos menos sensíveis à absorção de água.
Os automóveis mais recentes devido a estarem equipados de sistema de auxílio à travagem (ABS) e controlo de trajetória (ESP) requerem óleos de travões da classe DOT 4 e DOT 5.1.
Os óleos de classe DOT 5 (de base de silicone) são hidrofóbicos (não absorbem água da atmosfera), mas requerem sistemas de travagem próprios desenhados para operar com este tipo de óleo de travões.
Os óleos DOT 5 são incompatíveis com os óleos DOT de outras classes.
Óleos hidráulicos
Os óleos hidráulicos usados nos sistemas de travagem, tal como os óleos DOT 5 não absorvem humidade atmosférica, mas além de serem mais caros têm menor capacidade de proteção contra a corrosão no sistema de travagem.
Apresentam a vantagem de serem menos corrosivos para a pele e pintura, e são menos nocivos para o ambiente.
Em resumo:
– Para sua segurança e dos outros, siga as indicações do fabricante da viatura e proceda à substituição do óleo dos travões periodicamente;
– Use sempre um óleo de travões de especificação requerida pelo fabricante da viatura.
– Dada a sua natureza química, proteja a pintura , os olhos e a sua pele. Proceda a uma eliminação responsável (entrega num centro de reciclagem) do óleo usado.
– Efetue uma boa purga ao circuito de travagem de modo a assegurar que todo o óleo usado é retirado e substituído por novo.