Alternative Text

A caixa de dupla embraiagem e sua lubrificação

São cada vez mais comuns os automóveis que recorrem a caixas de dupla embraiagem, quer como equipamento de série quer como opcional.

Tal deve-se à facilidade que este tipo de caixas têm na sua utilização quotidiana (ausência de pedal de embraiagem – principalmente em condução citadina), entre outras vantagens a referir.

O que é uma caixa de dupla embraiagem?

Existem no mercado inúmeras designações comerciais para este tipo de caixa, como por exemplo PDK (Porsche), DCT (BMW), S Tronic (Audi), DSG (VW).

Na realidade uma caixa de dupla embraiagem é uma automatização em termos de controlo e acionamento de uma caixa manual, que equipada de um sistema de 2 embraiagens permite um funcionamento mais eficaz em termos de rapidez de troca de relação, e em termos de rendimento face às caixas automáticas ‘clássicas’ e até mesmo a algumas caixas manuais.

Quais as vantagens e desvantagens?

Uma caixa de dupla embraiagem apresenta as seguintes principais vantagens:

– Melhor rendimento energético (até 15%) face a uma caixa automática convencional e até sobre algumas caixas manuais, logo menor consumo de combustível e emissões poluentes;

– Passagens de velocidades muito mais rápidas (0.6s em média) e maior suavidade de engrenamento, logo maior agradabilidade de condução;

– Entrega de binário às rodas sem hiatos entre passagens de velocidades, logo acelerações mais céleres.

– Mesmo custo que uma caixa automática clássica.

E como desvantagens:

– Custo mais elevado face ao de uma caixa manual;

– Manutenção (óleo específico e respetivo filtro a substituir);

– Fiabilidade dado estar também sujeita a disfuncionamento de origem eletrónica e de software;

Como funciona uma caixa de dupla embraiagem?

Face a uma caixa manual, uma caixa de dupla embraiagem acrescenta um sistema electro-hidráulico de comando da passagem de velocidade e acionamento das embraiagens, respectivo módulo electrónico, um sistema de lubrificação, e um sistema de embraiagem com 2 pratos de embraiagem.

Em funcionamento existe uma embraiagem e respectivo veio primário, que se encarrega de transmitir a rotação do motor às relações pares (2ª,4ª,6ª velocidades) e outra embraiagem e respectivo veio primário para as relações impares (1ª, 3ª, 5ª, 7ª).

O módulo electrónico avalia os parâmetros de funcionamento do motor e evolução do seu regime antevendo se é necessário subir de relação ou reduzir.

Para tal comanda o engrenamento do pinhão respectivo (estando a respectiva embraiagem desacoplada) e a passagem de velocidade é quase instantânea pois dura apenas o instante que leva a desacoplar uma embraiagem e a acoplar a outra.

O módulo electrónico pode comandar a caixa em ‘modo automático’, ou por via de ordem dada pelo condutor por entre-médio de patilhas no volante ou na manete de comando da caixa.

Existem 2 tipos de embraiagens: a seco (não estão banhadas em óleo – para menores binários) e húmidas (estão banhadas em óleo – para maiores binários)

Que óleo usa este tipo de caixas?

Este tipo de caixas usa um tipo de óleo específico sintético, que recorre a aditivos de alta qualidade, desenvolvido especificamente para as transmissões de dupla embraiagem.

Garante o funcionamento e excelente estabilidade à fricção da embraiagem húmida graças aos aditivos EP (‘extreme pressure’) tais como modificadores de fricção. Também é quimicamente compatível com metais amarelos, ou seja, alguns tipos de sincronizadores.

A viscosidade e a estabilidade térmica são importantes devido a temperaturas internas da embraiagem que excedem os limites térmicos de quase todos os fluidos de transmissão comuns. A sua temperatura de operação é entre os -55ºC e os 180ºC.

O sistema de lubrificação é projetado para manter o óleo abaixo dos 145ºC, mas pontualmente algumas superfícies de fricção excederão essa temperatura, portanto, um fluido com alta estabilidade térmica é essencial.

As principais características deste tipo de lubrificante são:

  • Proteção anti desgaste: aumento da fiabilidade e tempo de vida da caixa de velocidades;
  • Estabilidade térmica e á oxidação: intervalos entre manutenção maiores
  • Viscosidade adequada: com vista à máxima economia de combustível e suavidade de funcionamento.
  • Propriedades de fricção e compatibilidade química com os materiais existentes.